Este
breve texto aborda de modo geral como algumas mídias apresentaram à população
brasileira e ao mundo o Legado das Olimpíadas para o Rio de Janeiro e para o
Brasil. No decorrer de nossas pesquisas encontramos reportagens, documentários,
vídeos – propagandas, informativos do Governo Federal e comentários em redes
sociais, nós utilizamos principalmente a Internet como uma ferramenta de busca.
A
escolha do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas e as Paraolimpíadas se dá
no ano de 2009, a partir desse instante cria-se o discurso de que esses dois
eventos deixariam um legado não só para a cidade do Rio de Janeiro como para
todo o Brasil. E o que é o Legado? É um conjunto de obras de infraestrutura (incluindo esportiva) e políticas públicas nas
áreas de mobilidade, meio ambiente, urbanização, educação e cultura, segundo
informações retiradas da Autoridade Pública Olímpica (APO). As obras de políticas públicas totalizaram 27
projetos, organizados em: 14 projetos para o Município, 10 para Estado e 3 para
a União.
As obras realizadas no Rio de Janeiro foram:
Mobilidade: Veículo Leve sobre
Trilhos (VLT), Custo:
1,18 bilhão; Ampliação
do Elevado do Joá, Custo:
475,95 milhões; BRT
Transolímpica e Transoeste, Custo: 2,39 bilhões; Linha 4 do Metrô
Rio,
Custo: 8,79 bilhões. Infraestrutura: Porto Maravilha, Custo: 8,2 bilhões; Obras contra
Enchentes, Custo: 589,94 milhões;
Urbanização
do Engenhão e Deodoro, Custo: 167,90 milhões.
Legado Esportivo: Arena do Futuro,
Custo: 146,8 milhões; Estádio Aquático,
Custo: 225,3 milhões; Complexo
Esportivo Deodoro, Custo: 835 milhões; Laboratório de
Dopagem, Custo: 188,36 milhões;
Centro
Internacional de Transmissão (IBC), Custo: 1,67 bilhão; Campo de Golfe, Custo: 60 milhões. Meio
Ambiente: Baía
Viva, Custo: 3,23 milhões; Esgotamento Eixo
Olímpico/ Zona Oeste,
Custo: 804,08 milhões.
Mais Informações:
Na realização de nossas pesquisas, as perguntas não paravam
Legado? Pra quem? Pra que? E Como? Chegamos à conclusão de que os Legados desses
Mega Eventos não foram pensados para que a comunidade e a população brasileira
usufruíssem das “melhorias” na cidade e no país. Esses Legados deixados por
esses episódios garantem sim a exclusão social, o aumento da discriminação, da
violência, da segregação, a violação dos direitos de ir e vir, do desvio de
verbas, mas Garante a Manutenção do Poder e Defende os Interesses que estão
concentrados nas mãos de poucos.
Usaram
o discurso de que gerariam mais empregos, com mais linhas de metro iria
melhorar a qualidade do transporte para a população. Fala-se em revitalização
da Zona Portuária, mas não se ouve falar das remoções de famílias que habitavam
as redondezas do local.
Em
umas das mídias alternativas encontramos um documentário denominado Contagem
Regressiva, organizado em quatro partes, produzido por uma Organização Não governamental
(Justiça Global), juntamente com a Produtora Couro de Rato, o qual traz
elementos que mostram o outro lado do Legado Olímpico, apresenta dados de que no
Rio de Janeiro foram removidas 77.226 pessoas de suas casas e comunidades, traz
informações da ordem imposta pela prefeitura utilizando-se da guarda municipal,
a perseguição de ônibus que saiam das comunidades em direção a Zona Sul e de
ambulantes.
Mais Informações:
http://www.carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/7579-documentario-expoe-violacoes-de-direitos-humanos-no-rio-olimpico
http://riscafaca.com.br/olimpiadas/o-legado-olimpico/
Encontramos um material chamado OLYMPIC FAVELA
(Favela Olímpica), elaborado por um alemão Marc Ohrem-Leclef,
é um livro fotográfico, resultante de um trabalho realizado durante dois anos,
com quatorze comunidades, que foram afetadas pelas obras das olimpíadas. O
livro foi organizado em duas séries de fotografias, uma traz imagens de
moradores em frente as suas casas demarcadas por códigos para a demolição e a
outra traz residentes das comunidades segurando uma tocha acessa de emergência
para simbolizar o sofrimento desses indivíduos. O conjunto das fotos em si traz
a ideia de libertação, protesto, resistência, de independência e crise.
Mais Informações:
Nossa interpretação é que enquanto dentro do Parque
Olímpico, os atletas lutam para ganhar uma medalha e uma posição, os moradores
desses locais que foram atingidos lutam pela permanência de sua história, de
suas raízes. Sabemos que as condições de vida dentro dessas comunidades não são
das melhores, mas isso não justifica retirá-los do local onde possuem uma
relação estabelecida há anos, um local que é sua referência. Cabe aqui uma
ponte com uma música de um grande poeta compositor brasileiro, Paulo Cesar
Pinheiro que retrata a constante mudança das/nas relações humanas com o passar
do tempo.
NOMES DE FAVELAS
O galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus
Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro
Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar
Mais Informações:
Acadêmicas: Eduarda dos Passos, Miria de Vasconcellos, Suelen Pamplona
dos Passos.
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